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eu e o alemao, o alemao e eu

Antes de mais nada, aqui me refiro à língua alemã. Marido é brasileiro, com cidadania alemã, mas brasileiro. 

Então, o meu relacionamento com a língua alemã existe desde que eu nasci. Ou antes até se forem considerados meus parentes. Por parte da minha mãe a descendência alemã vem dos avós dela, de ambos os lados. Sei de algumas histórias sobre a família que foi da Polônia, pra Alemanha e dali pro Brasil (isso em várias geracoes), sei de histórias do meu bisavô trabalhando no porto de Hamburg (vejam só que coincidência), de costumes frísios (uma região ao noroeste da Alemanha) e de parentes em Berlin e Köln onde uma das minhas bisavós foi batizada (cheguei a comentar sobre isso). Da parte do meu pai a ligacao é mais recente. Meu pai nasceu na Alemanha, em Gudensberg (onde ainda moram uns parentes que volta e meia visitamos) e ele veio ao Brasil ainda pequeno num navio com meus avós, lá no final dos anos 50.  Além do histórico familiar, minha mãe ainda fez curso de letras alemão na universidade. Dá pra perceber então de onde vem a minha ligacao com língua né?! Meus pais fizeram questão de nos ensinar desde cedo o alemão. Eu na realidade só aprendi português quando fui pra escola, com uns 4 anos. Antes disso o contato com outras pessoas era feito quase que totalmente em alemão, a não ser algum parente que não dominasse a língua, ou com vizinhos e pessoas de relacionamentos esporádicos (médicos, vendedores, etc). Mas aí fomos pra escola, tivemos cada vez mais contato com a língua portuguesa e aos poucos fomos ficando com vergonha de falar alemão, mesmo que em casa. Meus pais também não insistiram na língua quando  a coisa começou a degringolar, mesmo porque entre eles mesmos a língua dominante é o português, então com o tempo fomos perdendo a vontade e a capacidade de falar em alemão. Com os avós claro a coisa continuou, mas o contato também não era assim tao frequente que nos ajudasse a manter a fluência. 
livro em alemao que estou lendo no momento
Apesar de tudo isso meu pai sempre incentivou e sempre insistia que eu corresse atrás do alemão. Fiz muitos cursos, mas ainda assim tenho certeza que o que mais me ajudou/ajuda é aquele conhecimento base que eu tive na infância. Porque não tem o que me faca entender as tais das regras gramaticais alemãs.Não consigo pensar em tudo aquilo enquanto estou conversando com uma pessoa, ou mesmo tentando escrever. Nunca consegui gravar aquilo. E acho que o que me salva foi justamente eu ter o alemão no meu subconsiente (ou onde quer que isso esteja). E é por isso que quero ao máximo poder ensinar alemão ao meu filho, para que ele pelo menos tenha na cabeça como as palavras soam. E saber alguns significados, mesmo que só das coisas mais básicas, podem vir a fazer muita diferença na vida dele.

Comentários

  1. Que interessante sua história, Babi! Eu acho legal porque eu não sei absolutamente nada da minha família e acho muito legal gente que nem você, que sabe coisas dos seus antepassados, de onde eles vieram... Eu não faço a menor ideia, só sei que os sobrenomes de toda a minha família (pai e mãe) são portugueses, mas não sei mais nada do que isso. Eu lembro que tinha te perguntado sobre sua história com a língua alemã e fiquei muito feliz que você escreveu sobre o assunto, adorei!

    beijos

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  2. Eu escrevi esse post pensando em você Marcela, justamente porque você tinha me perguntado. O post já estava pronto há um tempo só não tinha tido pique de publicá-lo antes.

    Eu sei algumas coisas da família, mas eu acho pouco. Não sei se porque sou curiosa com essas coisas, mas queria saber bem mais, especialmente do lado do meu pai, porque meus avós ainda estavam na Alemanha durante a II Guerra e isso me intriga, mas não se fala muito desse assunto na família, deve trazer lembranças não muito boas... Enfim, acho que de ouvir essas histórias dos antepassados é que nasceu meu gosto por história em geral. Adooooro!!

    beijo

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  3. Nossa, super interessante a sua história com o alemão. Realmente, só aprendendo de criança pra falar a língua com facilidade, porque puxa, ela assusta um pouco! Eu fiz um curso de básico 1 ano passado só por hobbie mesmo e adorei, achei super legal e divertido, a língua tem muitas sacadas legais - espero poder estudar (e quebrar a cabeça) mais no futuro.

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    1. É, começar uma língua do nada assusta mesmo. Acho que toda língua tem umas palavras que vc pensa que sao tao obvias que fazem todo sentido e porque é que em portugues isso nao existe, não é mesmo?! Com o alemão pra mim é bem assim. Tem palavras que só em alemão fazem sentido, assim como no português.

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  4. Gente, que máximo! Eu adoraria ter crescido em uma família bilíngue, acho muito bacana! Temos muito disso por aqui e eu fico encantada com a facilidade das crianças em pular de uma língua pra outra. O seu filho só tem a ganhar com isso, incentive mesmo! ;)

    Beijos,
    Lidia.

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    1. Criancas aprendem muito rápido Lidia, por isso é muito bom quando já se tem contanto com outra l´ngua logo cedo. Depois que a genter cresce vai ficando cada vez mais difícil assimilar as regrinhas...

      beijo

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  5. Interessante. Eu também tenho a experiência com filhos de estrangeiros com idade mais avançada que meus filho, que eles também recusam a falar a língua dos pais por vergonha. Algo muito comum.
    Eu espero que meus filhos tenham uma base boa no português e que isso possa ajuda-los muito futuramente.

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    1. Ahh isso acontece tanto, é muito, muito comum, acho que todo bilingue passa por essa fase. Sei que por aqui provavelmente vai ser assim também... Mas espero que de alguma forma a segunda língua, seja ela qual for dependendo de onde estivermos morando, seja de alguma forma uma ajuda no futuro dos nossos filhos!

      beijos

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  6. Que interessante a sua história com o idioma alemão! Eu acho super importante você passar um pouco dessa cultura para o seu filho, no futuro ele só terá a agradecer. Eu, infelizmente não sei as origens da minha família, só mesmo que um dos meus avôs era português, mas isso é bem comum no Brasil, rs..
    Eu quero aumentar mais meu vocabulário de alemão, eu converso, leio, mas sinto que preciso expandir mais. Tenho que voltar a estudar, rs.. Bjs

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    1. A gente tem que estar sempre estudando né Sandra?! Minha meta é continuar lendo em alemao mesmo aqui no Brasil justamente pra nao perder tudo que aprendi nos anos que passei na Alemanha. Sei que boa parte se vai, mas praticando um pouquinho a gente espera que fique.

      beijoss

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